Tudo começou por uma primeira constatação. Durante uma viagem ao Brasil, eu me dei conta que os membros da classe média abriam raramente eles mesmos a porta do próprio prédio. O emprego de porteiro se encontra raramente na Europa, mas ele ainda é extremamente comum no Brasil, e consiste em esperar que uma pessoa manifeste o desejo de entrar ou sair para abrir-lhe a porta. Esse exemplo recobre de fato uma realidade muito mais vasta, que é esta dos empregos de serviço, quase desaparecida na Europa, ou reservada à hotelaria de luxo, mas que faz totalmente parte da vida citadina brasileira. Porteiros, ascensoristas, cobradores ou valets estão estranhamente conectados pela espera, que é parte integrante de sua atividade: ter sempre de realizar esse mesmo gesto, repetitivo e dispensável. Uma necessidade imaginária tornada possível por diferenças salariais consideráveis ou, em outras palavras, uma força de trabalho barata que enfrenta uma classe média que pode pagar por esses serviços.
Rio de Janeiro, Brasil, 2006-2015.
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